Infelizes para sempre?

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"E então, o príncipe valente salvou a princesa de todos os males do mundo. Tomou-a em seus braços e a beijou. E viveram felizes para sempre."



Quem nunca viu um final de história parecido com esse? É assim que terminam praticamente todos os contos de fadas que ouvimos em nossa infância. É aquele tipo de história que nossos pais e avós nos contaram, mostrando lindas figuras da pobre mocinha se transformando numa linda princesa, entre episódios belos e inofensivos.
Opa. Será que é isso mesmo? Belas as histórias são, sem dúvida. Mas inofensivas?

O texto "Princesas encantadas por histórias mentirosas", de Luciana von Borriese que recebi por e-mail fala sobre isso. Nele, a autora defende a idéia de que os contos de fadas são, na verdade, bastante prejudiciais a nós mulheres, uma vez que pregam idéias falsas com relação à vida e aos relacionamentos. E que de tanto acreditar em tais idéias, as mulheres, que nunca viverão seu conto de fadas da forma que foram iludidas a acreditar, ficam fadadas à infelicidade. O primeiro parágrafo do texto diz o seguinte:

"Desde de que a gente tem três anos de idade e consegue entender alguma
coisa, começam a contar uma mentira deslavada e cruel, que habita muitas

estórias infantis: o mito do príncipe encantado. Quem não passou horas na
cama
ouvindo a mãe, o pai ou a avô narrar a triste vida da gata borralheira?
A pobre
submissa e explorada, que vivia na faxina, sem final de semana, sem
um cineminha
ou uma distração? Mas um belo dia, eis que toda esta tortura é
transformada
magicamente em felicidade, com a chegada do príncipe encantado,
que ainda por
cima era herdeiro do trono. Ou seja, tudo em sua vidinha
medíocre muda da água
pro vinho. Ou melhor, do farrapo pra seda pura.
Primeiro aparece uma fada
madrinha, do nada, e a deixa linda de morrer para
o baile. Depois, cheia de
auto-estima e segurança, ela manda a patroa e as
mocréias das filhas dela
catarem coquinho no mato. Tudo isso por que dançou
uma valsa com o príncipe
durante alguns minutos numa noite estrelada. Ah!
Claro, outro detalhe
importante: graças ao seu pé 35, que coube no sapatinho
de cristal, o príncipe
se apaixona por ela. Fala sério! Se um dia eu tiver
uma filha, vou esconder
estas estórias dela como se fosse uma arma
carregada.

A autora do texto é taxativa quando diz que esses contos são terríveis para a formação de nossas meninas. Diz também que, se pudesse, ela gostaria de queimar livro por livro. É justo nesse momento que eu discordo dela. Questionar os enredos das histórias, vá lá. Queimar livros, jamais! Até porque, não é esta a real razão sobre a insatisfação com os relacionamentos com que sofrem muitas de nossas contemporâneas.
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Realmente o modelo dos contos de fada, com o príncipe encantado que surge em seu cavalo branco para salvar a donzela indefesa, não combina mais com nosso tempo. Afinal, num mundo pós-revolução feminista, no qual as mulheres estão no mercado de trabalho não só porque querem mas porque precisam, o que temos por aí é muita princesa salvando príncipe das incertezas e inseguraças da vida, ou então a princesa e o príncipe revezando o cavalo branco para ir ao trabalho.
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Os contos de fadas são histórias antigas, dos tempos em que uma mulher vivia aprisionada dentro de casa e de fato precisava ser salva. Aqueles eram tempos em que o casamento era o mais perto de uma vida de liberdade e autonomia que uma mulher chegaria, e que ter o amor de um homem significava absolutamente tudo para uma mulher. Afinal, este homem iria prover para ela.
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Hoje está tudo diferente. E nós mulheres, que estamos vivenciando a mudança, já percebemos que a história é outra. Entretanto, por alguma estranha razão, muitas de nós continuam fixadas no mito do príncpipe encantado que, quando aparecer montado em seu BMW zero, vai sim nos salvar dos males do crediário e assim viveremos felizes para sempre.
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Por que raios continuamos acreditando nisso? A autora do texto diz que é por termos ouvido os tais contos de fadas quando pequenas. Não pode ser isso. Eu, que tenho ótima memória, me lembro muito pouco das histórias das princesas. Confundo Branca de Neve com com a Bela Adormecida, e podia jurar que a Gata Borralheira e a Cinderela fossem a mesma. (São?) Neste quesito, minha sobrinha de dois anos ganha longe de mim.
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Mas mesmo indo tão mal na prova das princesas, eu sempre quis viver meu próprio conto de fadas. Por quê?
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Porque o conto de fadas é a versão bem sucedida da história de homens e mulheres das muitas gerações passadas.
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O problema não está em nossas crianças ouvirem contos de fadas. A dificuldade reside no fato de que somos uma geração muito próxima daquela que se rebelou e mudou tudo. Ainda é cedo para que as novas idéias estejam completamente interiorizadas. Estamos ainda testando as águas. O modelo de relacionamento de hoje, baseado na parceria entre homem e mulher, é ainda recente. É normal, portanto, que nos apeguemos ao que deu "certo" durante tanto tempo.
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E afinal, quem não gostaria de ser salvo de seus problemas para uma vida linda e feliz para sempre? Se esse final feliz fosse realmente possível, tenho certeza de que haveria muito príncipe encantado fazendo fila.
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Comentários

  1. Interessante, gostaria de saber se posso aplicar a DMT na dança folclórica do boi de parintins???
    Gostaria de um contato com a Doutora Isabel, se possível saber se ela é solteira!

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  2. Amiga Si, vamos por partes (hihihi):
    Primeiro: Este mateus ai em cima ficou tão perdidinho com a Isabel q fez seu comentário no post errado! kkkkkkkkkkkkkkkkkkk
    Segundo: Amei e concordo com tudo o que disse! Você tá se tornando uma perfeita entendedora do ser humano mesmo!
    Terceiro: To com saudade! Vamos tomar um chocolate um dia destes?
    Beijosssssssssssssssssssssssss

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  3. Mateus, sobre a aplicação da DMT para o boi de paritins só mesmo perguntando à Isabel. Que também é a mais indicada para responder se está solteira ou não. Risos.

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  4. Oi, amiga!! Que bom que você gostou do que eu escrevi! Esses textos são resultado dos vários livros que eu tenho lido... e das minhas viagens na maionese também! Hehehe Vamos marcar nosso chocolatinho sim, oba!! Quando você pode??? Bjão!!

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