E antes, uma palavrinha de nossos patrocinadores
No mundo capitalista, tentam nos empurrar produtos o tempo todo, da hora em que você acorda até o momento em que vai dormir. Acho que isso é fácil perceber. O que talvez não seja é que muitas vezes somos seduzidos pelo produto errado. A neurolinguística explica: coloque duas coisas juntas e o cérebro as associará. Por isso, a mulher com pouca roupa ao lado da cerveja, a mulher de vestido justo ao lado do carrão, a mulher de mãos delicadas passando a mão no rosto do homem no comercial de barbeador.
Ontem eu recebi um desses encartes mostrando a planta de um apartamento que dizia "você merece momentos de prazer", e aí aquelas típicas fotos em volta da planta principal: a família feliz sorrindo, as crianças no jardim de grama verde, o homem deitado na varanda com os pés pra cima. Olhando com mais cuidado, vi o endereço do empreendimento: um local feio, longe, pobre e violento. O tamanho de cada apartamento vinha em letras menores ainda: pouco maior que uma quitinete.
Mas aí o sujeito desavisado dá uma olhada no tal panfleto - e mais seduzido pelas fotos ilustrativas que pela planta baixa - começa a pensar que talvez seja daquele apartamento que ele precisa para ser feliz. O sujeito simplesmente não percebe que o que ele realmente gostaria de comprar era a família feliz, o momento de descanso, o sorriso da criança, a paz de espírito. Infelizmente, nada disso está à venda.
A sociedade do consumo nos faz acreditar que tudo possa ser comprado, então nada mais natural que o cérebro acreditar que comprando tal marca, você leva de brinde uma vida mais feliz.
Palmas para o filósofo Alain de Botton, que mandou fazer um outdoor de todo tamanho com a foto de uma bela casa e ao lado um asterísco, no qual se lia "Felicidade não incluída."
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