Não sejais uma prateleira!

 No meu segundo ano do ensino médio passei algumas boas aulas de química virada pra carteira de trás, filosofando com uma amiga. (crianças, não tentem isso em casa.) Numa dessas, a conclusão de uma aula toda foi: cansei de ser uma prateleira. Ah? Isso mesmo.
 Estávamos comparando a vida a um armário, sendo cada prateleira uma parte da vida. Haveria então a prateleira dos estudos, a dos amigos, a do amor, a da beleza etc. Nossa famosa frase dizia respeito a namorados, na época. Não queríamos ficar resumidas a ser uma mera prateleira no armário de algum garoto. Não queríamos fazer o que víamos algumas garotas fazendo, e de repente abdicar de coisas que gostávamos só para encaixar nossa vida na de fulano ou sicrano. Queríamos sim alguém que se encaixasse na nossa vida. Não queríamos ser uma prateleira. Queríamos ser o armário inteiro. E queríamos também um outro armário inteiro, cujas prateleiras do amor se encaixassem.
 
 Piadas a parte ("Você está prateleirando..." ou "Fulano? Ih, aquele lá não chega nem a prateleira. É no máximo uma gavetinha."), até que nosso pensamento era bem sábio.
 
 Lembrei disso hoje quando, entre um texto, um poeminha e posts futuros para o blog, pensei: nossa, hoje estou praticamente uma máquina de escrever. 

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