minha Julia recém-nascida


As palavras dela faço minhas, uma por uma:

"Freedom is just another word for nothing left to lose, diz a canção cantada por Janis. Durante tanto tempo eu ouvia essa música e sentia o vento da liberdade soprar no meu rosto: todas as possibilidades, nenhuma amarra, ninguém que dependesse de mim. E agora, depois de alguns meses tentando traduzir o meu deslumbramento com a maternidade, devo dizer que, paradoxalmente, nunca entendi tanto o que significa isso. No meio da alegria, do amor, do encantamento, existe um medo de perder tão, mas tão grande, que fica difícil descrever. Medo, sim, medo imenso de adoecer, de morrer, de (não vou nem mencionar). E aí vocês vão me dizer, ora, não dá para pensar assim, afinal, devemos pensar nas coisas boas e blá, blá, blá. Mas o medo, depois que o pavor passa, depois do olho escancarado, dilatado no breu, do pesadelo palpável sentado sobre o peito, do coração sacudir todo o corpo dormente e paralisado, do estômago cheio de pedras, dos pés de concreto armado, o medo nos pega pela mão e nos leva para uma dimensão clara e precisa do sentir, quase objetiva, quase pragmática – a uma distância racional da esperança e da fé - e nos mostra o quanto temos, tudo que temos. Mostra todos os ínfimos detalhes do sorriso que se repete, mas que todo dia inaugura uma alegria nova, um pedaço da vida que vem inteiro, perfeito, irretocável. Mostra o privilégio de participar das descobertas mais simples e mais bonitas, um toque, uma gargalhada, uma cor, um sabor, uma palavra, um som. Mostra o amor impossível de descrever ou explicar, impensável, incrível, e que cresce, cresce, cresce sem limites. Mostra o pertencimento que buscamos tanto, quisemos tanto, aconchegado no colo, de olhos brilhantes. Mostra a vida transformada em outra vida, repleta, única, feliz."
 Ticcia, do blog Mme.Mean

Comentários

  1. É o amor de mãe Simone. Simples assim (se é que se pode dizer isso risos).

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