Era um biquini de bolinha amarelinho
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De repente percebi que os biquinis americanos (como várias outras coisas aqui) são pensados e arquitetados com objetivos claros visando alcançar metas pré-definidas. E sim, também muito americanamente, eles de fato entregam o que prometem: barriga zero, peito maior, bumbum no lugar. Se mesmo com toda essa ajuda, a mulher ainda não se sentir totalmente segura para desfilar seu duas-peças, pode sempre recorrer aos bronzeadores artificiais, maquiagens de pele, cremes tipo "airbrush" ou sprays que deixam a pele com aquele brilho típico das modelos da Victoria Secret. Espelho, espelho meu: existe um corpo mais pensado que o meu?
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Já o biquini brasileiro segue o molde de como as coisas geralmente são feitas no Brasil: no lugar de planejamento, espontaneidade. No lugar de pretensões, brincadeiras. E assim, aquelas duas peças acabam apenas almejando serem apenas o que são - uma roupa de banho - e se tiverem que cumprir outra função, que seja a de divertir, encantar, seduzir ou instigar. Não sei se é o corte mais arredondado, as tiras mais finas ou mesmo o tecido mais maleável mas o biquini brasileiro tem bossa. E em sua silenciosa despretenção, diz muito. Diz que sim, meu corpo não é igual o das modelos das revistas, mas isso não quer dizer que ele não seja um corpo perfeito. Porque o que é perfeição anyway? É ser magérrima, lisa, reta, varapau? É ser malhadíssima, esculpidíssima, marombeira? Quão distorcidos andam os conceitos?
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O que o biquini brasileiro diz é que perfeição é entender o corpo como seu maior e melhor instrumento, porque é nele que você experimenta a vida. É gostar de quem você é - ou melhor, "é", eu nem diria, poque somos muito mais que nossos corpos, mas então gostar de onde você "está", curtir o corpo que está ocupando. É cuidar do corpo porque ele é nosso templo e nosso possibilitador de vida, mas um cuidar com carinho de quem ama, e não com obsessão de quem ficou tão cego em suas metas que já não se importa de maltratar.
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O biquini brasileiro me abraça e me valoriza, e porque não quer que eu caiba numa forma pré-determinada, não está tentando fazer com que eu pareça ser mais x ou menos y. E assim acaba me realçando ao mesmo tempo que me relaxa, me embelezando ao mesmo tempo que me perdoa. Sem seus enchimentos, e push-ups e armações e cintas embutidas, o biquini brasileiro termina por mostrar aquilo que eu tenho de melhor - que é o que realmente sou: um conjunto único, de verdade, com suas curvas, sua saúde, sua alegria e sua beleza.
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Pode ser que a diferença na verdade tenha sido porque meu biquini brasileiro é velhinho e os americanos, recém comprados, ainda estão resistentes, apegados mais aos moldes do manequim que do meu corpo. Pode ser que eu devesse comprar biquini em outro lugar. De qualquer forma, valeu a reflexão.
Já sei! Vou levar na mala um biquine prá Si!Não posso saber de nada que as pessoas que eu amo gostam que eu vou logo comprar.KKK Não tenho mais jeito não e não quero mudar.
ResponderExcluirExcelente!
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