Carpe Diem!


Para os estóicos, os dois grandes males da vida eram o peso do passado e as miragens do futuro. O segredo da felicidade para eles então, era simples: esteja presente. Apenas isso. Naquela época, tempo de Grécia antiga, e Sócrates, e sofismo e coisa e tal, eles acreditavam que o mundo era perfeito, logo divino. Sendo portanto o mundo perfeito, tudo acontecia exatamente como deveria acontecer, tudo tinha uma razão de ser e as pessoas deveriam entender isso e aceitar as coisas como elas são.


Veio o cristianismo e mudou um pouco a visão. Quem era perfeito agora não era mais o mundo mas sim Deus. Houve uma revolução no pensamento e nos valores e muitas coisas apareceram no mundo nessa época. Pra dar um exemplo, na Grécia antiga, como acreditavam que a natureza produzia homens fortes e homens fracos, acreditava-se que simplesmente alguns nasceram para comandar e outros para obedecer. Por isso uma sociedade lúcida mas escravocrata. Aí o cristianismo chega dizendo: somos todos irmãos. Todos iguais perante a Deus. E assim, criou-se a democracia. Um pensamento totalmente diferente, mas o que diz a Bíblia? A cada dia, o seu cuidado. Cuida do hoje que o amanhã será provido. Esteja presente.


Então a ciência evolui. E vem Copérnico, e Galileu e, ai meu deus, Darwin! O homem do século XVI e XVII fica desorientado. Peraí, peraí, como assim o mundo não é perfeito e nem dá mais pra confiar 100% nessas teorias religiosas... Se não dá pra depositar a fé nem no cosmos nem em Deus, em quem então? No próprio homem. Dá-lhe antropocentrismo. E vem Descartes - que pensa, logo existe - e Kant com suas críticas da razão. Haja racionalismo. E o que o racionalismo diz? Que precisamos destruir os conhecimentos anteriores e ver por nós mesmos. O próprio homem como base de todo conhecimento. Só é real o que eu posso experimentar e dizer que é real. E o que é isso? Exatamente, ladies and gentlemen: o presente.


E vem Rousseau com o Discurso sobre a origem da desigualdade entre os homens e Satre com o existencialismo e muitas voltas se dão no pensamento da humanidade até que chegamos nele. O polêmico. O imoral. O provocador. O fascinante. Nosso amigo Nietzsche. E Nietzsche, que brilhantemente desconstrói tudo o que foi dito e pensado até então, e se diz ateu, imoral, e sem escrúpulos, vem com a seguinte conclusão de sua filosfia: a teoria do eterno retorno. Que seria uma teoria de salvação bem cética, para este mundo, sem Deus no contexto, sem ídolos ou idealismos. E o que ela diz? Para se viver muito bem o aqui e o agora. Para se perguntar a cada escolha: eu poderia fazer essa escolha mais uma vez e mais uma, eternamente? Porque meus amigos, se o passado ficou pra trás e o futuro talvez não chegue a eternidade é uma só: o próprio presente.


E nem vou entrar no conceito budista sobre o benefício de estar presente. Ou seja, parece que não importa de onde vem, o conselho é sempre o mesmo. Viver o aqui e o agora. Entregar-se ao momento. E como diz em Meditações, VIII, 36 "Lembra-te então de que não é nem o passado nem o futuro, mas o presente que pesa sobre ti." Carpe diem, my friends. Carpe diem!

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