Cérebro humano acredita em elogios falsos
Fica a dica... Brincadeira!
ANÁLISE
Folha de São Paulo, domingo, 05 de junho de 2011
Partes do cérebro sentem prazer quando recebemos elogios, mesmo se forem falsos
HÉLIO SCHWARTSMAN
ARTICULISTA DA FOLHA
A cada instante nasce um otário - e nós já somamos quase 7 bilhões de pacóvios. Apesar da propaganda dos moralistas, mentir é um bom negócio e é por isso que golpes prosperam mundo afora.
O problema, como mostra o psicólogo especializado em mentiras Robert Feldman, é que o golpista já começa o jogo com enorme vantagem.
Nossos cérebros trazem uma série de vieses que operam em favor de esquemas como o da premiação. O mais simples é o viés de verdade.
O padrão é aceitar como verdadeiras todas as declarações que nos chegam à cachola. Na maioria das vezes, elas são mesmo (ou a linguagem não teria se desenvolvido), e o custo de duvidar de tudo seria demasiado alto.
Outro mecanismo valioso para vigaristas é o autoengano. Ele faz com que o cérebro, para pacificar contradições, reelabore a questão.
Quando venço no pôquer, convenço-me de que sou um jogador exímio; quando perco, tive azar. Construímos uma autoimagem positiva.
No fundo, todo mundo quer acreditar nos falsos cumprimentos que recebe.
Na verdade, partes mais primitivas do cérebro acreditam, e isso produz reações químicas que geram prazer. Até o mais desafinado se sente bem se elogiado por seu hipócrita professor de música.
Se o sujeito é um pouquinho mais vaidoso, como às vezes é o caso de médicos, envolvê-lo no jogo por um elogio é tão fácil como roubar doce de criança. Ainda que os centros do cérebro acionem o sinal de alarme, este será abafado pela lisonja.
Acrescente um cenário convincente e elasticidade nas fronteiras semânticas entre "comprar um prêmio" e "adquirir convites para o jantar" e o jogo está ganho.
Frequentemente, somos cúmplices voluntários da mentira que nos contam
ANÁLISE
Folha de São Paulo, domingo, 05 de junho de 2011
Partes do cérebro sentem prazer quando recebemos elogios, mesmo se forem falsos
HÉLIO SCHWARTSMAN
ARTICULISTA DA FOLHA
A cada instante nasce um otário - e nós já somamos quase 7 bilhões de pacóvios. Apesar da propaganda dos moralistas, mentir é um bom negócio e é por isso que golpes prosperam mundo afora.
O problema, como mostra o psicólogo especializado em mentiras Robert Feldman, é que o golpista já começa o jogo com enorme vantagem.
Nossos cérebros trazem uma série de vieses que operam em favor de esquemas como o da premiação. O mais simples é o viés de verdade.
O padrão é aceitar como verdadeiras todas as declarações que nos chegam à cachola. Na maioria das vezes, elas são mesmo (ou a linguagem não teria se desenvolvido), e o custo de duvidar de tudo seria demasiado alto.
Outro mecanismo valioso para vigaristas é o autoengano. Ele faz com que o cérebro, para pacificar contradições, reelabore a questão.
Quando venço no pôquer, convenço-me de que sou um jogador exímio; quando perco, tive azar. Construímos uma autoimagem positiva.
No fundo, todo mundo quer acreditar nos falsos cumprimentos que recebe.
Na verdade, partes mais primitivas do cérebro acreditam, e isso produz reações químicas que geram prazer. Até o mais desafinado se sente bem se elogiado por seu hipócrita professor de música.
Se o sujeito é um pouquinho mais vaidoso, como às vezes é o caso de médicos, envolvê-lo no jogo por um elogio é tão fácil como roubar doce de criança. Ainda que os centros do cérebro acionem o sinal de alarme, este será abafado pela lisonja.
Acrescente um cenário convincente e elasticidade nas fronteiras semânticas entre "comprar um prêmio" e "adquirir convites para o jantar" e o jogo está ganho.
Frequentemente, somos cúmplices voluntários da mentira que nos contam
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