Dos milagres que aconteceram


Pois bem. Eu fiquei de contar sobre alguns dos milagres, certo? Então vamos lá. Já aconteceram muitos outros para mim, mas vou me ater nos mais recentes.

Nova York, inverno, dezembro de 2010. Estou visitando um museu com meu marido quando anunciam que vão fechar mais cedo por conta de "condições climáticas extremas". Ouvindo isso, nós dois - muito desavisadamente - começamos a rir, pensando "que exagero". Não era. Ao sair do museu, o que vemos é neve por todos os lados. Uma nevasca forte caia - a mais forte de não sei quantas décadas - junto com um vento forte. Estava difícil enxergar até mesmo placas de trânsito que estavam próximas. A situação estava tal que conseguiu impressionar a mim e a meu marido (sendo que ambos já havíamos visto muita neve na vida). Enfim. O que seguiu a isso foi um caos completo. Nova York simplesmente parou. Não havia ônibus, nem táxis, nem metrô - e muito menos aviões decolando. Precisávamos voltar para o Brasil na noite seguinte e as chances de que isso acontecessem não eram nada boas. Passamos o último dia todo da viagem dentro do hotel assistindo à televisão para ter notícias sobre quando a cidade voltaria a funcionar. As notícias não eram animadoras. Quando deu a hora de irmos para o aeroporto, a única coisa que havia voltado a funcionar era o metrô - e olhe lá. A vã que havíamos pago não iria rodar naquelas ruas ainda cheias de neve. Portanto, chegado o momento de irmos para o aeroporto, marido diz que temos que tentar ir de metrô. Estaria tudo até que mais ou menos okay não fossem as condições: como bons brasileiros turistas, estávamos com sete malas pesadas. E minha única bota para neve havia furado no dia anterior, ou seja - meu pé congelaria (de verdade) em pouco tempo andando lá fora. Mesmo assim, marido disse que tínhamos que tentar chegar no aeroporto, já que não tínhamos informações sobre nosso vôo e precisávamos ao menos nos apresentar no balcão da companhia para, se fosse o caso, remarcar a passagem. (ele não sabia sobre a condição da minha bota). Então, no momento em que ele disse "vamos", e que eu comecei a caminhar pelo corredor carpetado do hotel, mal conseguindo carregar aquele tanto de mala, sendo que ainda estava num lugar quente e seco, o desespero bateu fundo. Pegar metrô de que jeito, com aquele tanto de malas?? Daria tempo de colocarmos tudo pra dentro e depois de tirarmos tudo no breve tempo de abrir e fechar das portas dos trens?? Como faríamos nas longas escadas - que estariam também cobertas de neve?? Como eu faria pra caminhar no gelo com a bota rasgada?? E se eu me perdesse do meu marido?? Como faria para encontrá-lo(estávamos sem celular)? E depois no aeroporto?? E se tivéssemos que ficar por lá? Havíamos visto na televisão que nenhum vôo estava chegando ou saindo, e por isso estavam chamando os aeroaportos de "Hotel JFK" e "Hotel La Guardia".
 Foi nesse momento que eu rezei e pedi pra Deus, do fundo do coração, um milagre.

 E o que acontece? No minuto em que colocamos os pés para fora do hotel, uma vã preta enorme aparece. Sim, era um táxi (apesar de que nada estava rodando na cidade) (e apesar de que os táxis de Nova York são aqueles amarelos e de tamanho de carro de passeio). Sim, ele cobraria um preço camarada. Sim, caberia no carro nós dois E nossas sete malas. Sim, a vã foi tranquilamente até o aeroporto, sem contratempo algum. E sim, quando chegamos no aeroporto - lotado e caótico - qual seria um dos dois únicos vôos que sairiam aquela noite? Exatamente. O nosso. 

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Milagre número 2:

Chesapeake, 2012, madrugada. Estou acordada, com insônia (coisa raríssima para mim) e de repente, tenho um ataque de pânico. (Para os felizardos que nunca tiveram um, é a coisa mais atormentadora do mundo. É terrível. Não desejo a ninguém). Estava em meio a leitura de um livro de nova era ("O Poder do Agora", de Eckhart Tolle) e, apesar de saber que o ataque de pânico veio da junção de diversas razões, em todo caso eu absolutamente NÃO recomendo esse livro. De qualquer forma, eu passei por um mau pedaço aquela noite, e no meio de tudo, resolvi, de uma forma instintiva, abrir a Bíblia. Por que eu procurei a Bíblia naquela hora, só pode ser mesmo a mão de Deus. Que deve ter sido a mesma mão invisível que me fez, por qualquer razão, deixar de trazer outros tantos livros que eu queria ter trazido comigo para trazer esse, que na época, nem significava tanto pra mim. Enfim. Peguei aquela Bíblia enorme e resolvi que abriria num lugar qualquer e que então leria, para quem sabe, me acalmar um pouco. E onde é que eu abro?

Uma pausa aqui: onde é que eu abro, tendo uma Bíblia enorme e super grossa na minha mão e sem ter a mínima noção do conteúdo de cada livro?

Em Isaías 57, 14-20. Que tinha como título: "Consolação dos fiéis aflitos". E dizia (trechos): "... auxilio todavia o homem atormentado e humilhado... realmente, não desejo controvérsias sem fim [era justo um dos meus questionamentos - e razão para pânico], nem persistir sempre no descontentamento, senão o espírito desfalecerá diante de mim, assim como as almas que criei. Por causa do crime do meu povo, me irritei por um momento; feri-o, dando-lhe as costas na minha indignação, enquanto o rebelde agia segundo sua fantasia. Vi sua conduta, disse o Senhor, e o curarei. Vou guiá-lo e consolá-lo, (...) Paz àquele que está longe e paz àquele que está perto [também tudo a ver com o  que eu estava pensando] Mas os ímpios são como um mar encapelado, que não pode acalmar-se, cujas ondas revolvem lodo e lama. Não há paz para os ímpios, diz meu Deus."

 Sobre esse segundo milagre falarei menos, paradoxalmente, porque a história é muito maior. De qualquer forma, foi aquela noite terrível que deu início ao nascimento da minha verdadeira fé.

 E essa paz tão grande.... Esse contentamento.... Essa alegria tão gostosa... Essa, eu desejo a todo mundo.

(Aos espíritos céticos que estiverem dizendo que foi meu "cérebro" que encontou essa passagem, já que muito provavelmente algum dia na vida ele já a havia registrado, ou que estiverem encontrando explicações diversas e outras para as coisas que contei aqui, deixo vocês todos na mão de Deus. Afinal, e graças a Deus, não cabe a mim a conversão de ninguém. Esses trabalhos difíceis, eu deixo pra Ele. A mim, cabe contar a história, e foi o que eu fiz. E agradecer, que é o que eu venho fazendo, diariamente.)

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