Do frenesi das visitantes

 Como eu já havia contado, do meio de abril ao meio de maio recebemos lá em casa uma dupla de mães: a minha e a do meu marido. (Digo "lá em casa" porque na época ainda estávamos no espaçoso apartamento de Chesapeake, que tinha dois quartos e dois banheiros). Durante esse tempo, elas passaram alguns dias em Nova York e nos finais de semana as levamos para conhecer Washington e as históricas Williamsburg, Jamestown e Yorktown. Mas durante todos os outros dias era marido no trabalho e eu passeando com elas.

Pergunta de vestibular: qual vai ser o maior atrativo de uma "grande metrópole" como Chesapeake para visitas que vieram do Brasil? É óbvio: as lojas. E sim, Chesapeake podia ser pequena, mas as lojas de lá tentavam compensar esse fato. (Aliás, é até estranho que numa cidade tão pequena coubesse tantas lojas enormes.)

 Para a sorte geral da nação, o nosso carro também é grande, ou senão todo o processo teria sido dificultado. E quando eu digo "processo", quero dizer o frenesi das compras. Quando eu digo "dificultado" quero dizer que pelo menos conseguíamos acomodar tudo no porta-malas. Sim, porque quando eu digo "as compras" quero dizer muuuuuuuuuuuuuitas compras.

 Quantos "u" eu coloquei ali? Bom, dobrem isso. Tripliquem. Elevem à quinta potência. E acrescentem o sinal de fatorial.

Foi por aí mesmo. A coisa chegou a tal ponto que as seguintes frases foram ditas: (de verdade)

- Acho que vou levar essa almofada. (Uma pequena almofada de 60cm x 60cm)

- Esse vou colocar no fundo da mala. (Minha mãe imaginava que o fundo da mala dela era como a casinha do scooby doo ou aquelas barracas do episódio do Chapolim, no qual eles iam acampar e aí saiam tirando escadas, mesas, cadeiras e mais todo tipo de coisa de uma barraca minúscula)

- Será que não tem como despachar um container pro Brasil?

- Seria bom se pudesse mandar de navio...

- Esse também é pro fundo da mala.

- Mas e agora, onde vou colocar o pato?
- Que tal na mesma mala que está o pé do abajur?

 E por aí em diante.

 As coisas que elas não conseguiram colocar nas malas, elas mandaram como encomenda. Tantas caixas, que na penúltima vez que fui ao correio, a gerente da agência veio conversar comigo, provavelmente desconfiada que eu fizesse parte de algum esquema ilícito de exportação. Na última vez, achei melhor procurar um correio na cidade ao lado.

A chinesa do restaurante do outlet olhou pra mim um dia e disparou, com aquele sorrisão dos orientais: "Vem aqui todo dia, né!!"

Até a vizinha de baixo estranhou no dia que me viu arrumando minha mudança aqui pra NY, dizendo que achou que tinha gente se mudando para lá - de tanto que nos viu subir a escada carregando coisas.

 No fim das contas, lá se foram elas de volta ao Brasil. Com suas malas, suas compras, e seus relógios de parede. Sim, eu disse relógios de parede. Esses, elas conseguiram comprar na lojinha de um museu no último dia da viagem, em meio à minha programação para um dia "light e sem perigo de fazerem compras". Mas o pior é que dessa nem posso rir, já que comprei um também. Que é inspirado naquele quadro do Salvador Dali e seus relógios que derretem.

Quando eu vi aquele relógio achei tão legal que eu simplismente tinha que comprá-lo.

 Okay, okay. Talvez eu entenda um pouco do frenesi.

Comentários

  1. Chorei, de tanto rir. Realmente foi hilário nosso frenesi nas compras. O post está totalmente fiel aos acontecimentos. E teve muito mais. Lembra que havíamos falado que iríamos para NY e não compraríamos nada? Voltamos com a mala cheia e mais algumas sacolas. Deslumbre total!!

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  2. E eu entao, quando falavam que nao cabia mais nada nas malas, elas compravam mais....acho que comprei 1/5 dos que elas compraram....ou menos........rsrsrsrsrsrs

    beijinhos...........

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  3. Li, reli e estou lendo novamente e acho que vou ler até decorar.O legal disso tudo é lembrar, através da fidelidade do seu relato,todos esses momentos fantásticos. Esses dias vão ficar marcados para sempre e o meu agradecimento também será eterno.AMO MUITO VOCÊ, VOCÊS...

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