Amor, I love you

Sabe aquela fala que tem naquela música da Marisa Monte, Amor I Love You? É um trecho de O Primo Basílio, de Eça de Queiroz. Tive que apresentar um seminário sobre esse livro para a aula de Realismo Português na UnB (e já se vão aí... putz, mais de 10 anos!) e desde então eu fiquei de contar num dos meus blogs sobre isso, que na época (tanto da música... como do meu curso de Letras) pouca gente sabia. Veja você, eu tardo mas não falho. Ha ha.

 Ah, fica o trecho seguinte do livro também, igualmente bem escrito. Adoro Eça - apesar dele enrolar pra contar as histórias, rs.
.

 
.
.
"... tinha suspirado, tinha beijado o papel devotamente! Era a primeira vez que lhe escreviam aquelas sentimentalidades, e o seu orgulho dilatava-se ao calor amoroso que saía delas, como um corpo ressequido que se estira num banho tépido; sentia um acréscimo de estima por si mesma, e parecia-lhe que entrava enfim numa existência superiormente interessante, onde cada hora tinha o seu encanto diferente, cada passo condizia a um êxtase, e a alma se cobria de um luxo radioso de sensações!

 Ergueu-se de um salto, passou rapidamente um roupão, veio levantar os transparentes da janela... Que linda manhã! Era um daqueles dias do fim de agosto em que o estio faz uma pausa; há prematuramente, no calor e na luz, uma certa tranqüilidade outonal; o sol cai largo, resplandecente, mas pousa de leve; o ar não tem o embaciado canicular, e o azul muito alto reluz com uma nitidez lavada; respira-se mais livremente; e já se não vê na gente que passa o abatimento mole da calma enfraquecedora. Veio-lhe uma alegria: sentia-se ligeira, tinha dormido a noite de um sono são, contínuo, e todas as agitações, as impaciências dos dias passados pareciam ter-se dissipado naquele repouso. Foi-se ver ao espelho."

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A tática da bolsa

Como fingir que você entende de vinho