Rapunzel moderninha
Já assisti três vezes ao novo filme da Disney "Enrolados" (Tangled, 2010) e a cada vez gosto mais! Recomendo muito, especialmente para mulheres. Além do filme ser super engraçado, dinâmico e ter todo aquele charme dos filmes de princesas da Disney, ele ainda traz muitas mensagens positivas que, podem até passar despercebidas num primeiro momento, mas com certeza são captadas e registradas em algum cantinho do nosso cérebro.
Digo que a história fala principalmente com as mulheres não pela razão óbvia (ser um filme de princesa) mas por mostrar um tipo de jornada pessoal pela qual várias de nós passamos. Para quem ainda não assistiu e não gosta de spoilers, é melhor parar a leitura por aqui. Já vi que não vou conseguir falar do filme todo sem entregar várias coisas. Aos que já assistiram ou não ligam de saber o final, continuem comigo!
- Rapunzel começa o filme enclausurada e super protegida por sua madrasta interesseira. Ao meu ver, a madrasta com aquele discurso de "o mundo é perigoso, você não vai se dar bem!" pode representar tudo aquilo que nos segura, nos impede de ir para frente: medos, baixa autoestima, idéias erradas que colocaram em nossa cabeça etc
- Então ela descobre no aventureiro Flyn Ryder (que tem seu lado certo e seu lado errado, logo está longe de ser a encarnação do príncipe encantado) um companheiro para a aventura que ela sempre teve vontade de viver. Eles partem na jornada enfrentando perigos e inimigos até atingirem o objetivo.
- Então vejam bem: não foi o príncipe que resgatou a princesa e a salvou. Dessa vez, os dois vão enfrentando os perigos do caminho juntos, ora usando os poderes mágicos dela, ora usando a malícia e conhecimento de mundo dele! Ou seja, ninguém é o mestre e o outro o seguidor. Ninguém é o adulto e o outro a "criança". Eles são parceiros.
- Uma vez que o objetivo da princesa é atingido, complicações externas (a madrasta malvada e alguns comparsas) tentam trazer Rapunzel de volta para seu "mundinho" e para as velhas crenças. Isso é ilustrado na volta dela à torre, ao ambiente que lhe era familiar e no qual ela vivia às cegas.
- Mas Rapunzel já foi mudada pelas experiências que teve no mundo lá fora e não é a mesma pessoa. Ela volta mas imediatamente tira a grande conclusão de sua vida: a de qual era seu verdadeiro valor. que era muitíssimo maior do que sua suposta mãe a fazia acreditar. No filme isso é ilustrado pela conclusão de Rapunzel de que era ela a princesa perdida e que aquela mulher ali não era boa e muito menos sua mãe verdadeira. Que o mundo lá fora não era assim tão perigoso. Que o perigo estava sim, a rondando o tempo todo dentro da torre.
- Então Flyn Ryder (e nessa hora já sabemos que seu nome verdadeiro, na versão traduzida, é José Bezerra - adoro!) chega para ajudá-la novamente a fazer a transição. Só que ele acaba ferido pela madrasta e no fim quem o ajuda a sobreviver é a própria Rapunzel.
Eu adoro também o fato de que Flyn Ryder corta do cabelo de Rapunzel bem curtinho no fim do filme. Afinal, era aquele cabelo cujos poderes Rapunzel acreditava que deviam ser preservados, que a mantinham escrava. E no momento que ela não tem mais seu cabelo com seus poderes mágicos, percebe que suas lágrimas também tem poder curativo - e estas não são externas a ela nem podem lhe ser tiradas. Rapunzel descobre que o verdadeiro poder está dentro dela, que ela é livre e muito mais valiosa do que acreditava ser. E é claro, ela termina se apaixonando por Flyn e terminam casados, senão não seria Disney. E tudo por conta de uma vontade insistente em ver as lâmpadas que apareciam sempre no dia do aniversário dela...
Acho fantástico todo esse desenrolar ter se dado a partir de uma intuição de Rapunzel. Acho que na vida principalmente nós mulheres temos muitos episódios assim. Algumas coisas nos "cutucam" e cabe a nós ir atrás ou permanecer na inércia. E quando vamos atrás, geralmente nos damos muito bem e a recompensa é muito mais do que poderíamos imaginar.
Assistam! A sensação deliciosa que a gente fica depois do filme não é à toa!
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