Da natureza dos relacionamentos
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É comum ouvirmos de pessoas que se gostam a famosa aproximação dos laços. "Para mim ela é como uma mãe", "Somos como irmãs" ou "Te tenho como um filho". Apesar de parecer muito bonito, não vejo essa prática como algo positivo. Simplesmente porque cada relacionamento tem uma natureza própria, e se tentamos transformar algo que é em outra coisa que não é, o resultado será sofrimento.
Como exemplo, tomemos o relacionamento entre amigas. Por que ele não pode ser como o de irmãs? Porque elas não tem os mesmos pais, portanto não compartilham os mesmos valores. Por mais que se conheçam, não viveram desde sempre juntas, não tiveram a mesma linha de educação, não compartilham dna nem sangue, e portanto seus laços são mais frágeis. As amigas que tentarem agir como irmãs estão fadadas ao fim da amizade. Tanto pela diferença de entendimento de mundo que elas fatalmente terão quanto pela natureza do laço que une amigos, sempre mais fraco do que o que une familiares.
Um amigo é um amigo. Pai e mãe são pai e mãe. Marido e mulher são um casal - e não amigos. Um tio é apenas um tio. Conhecidos, colegas, funcionários, parentes ou vizinhos são o que são. E não é preciso torná-los algo "a mais" do que já são. É possível termos relacionamentos muito felizes e satisfatórios com todas essas pessoas. Mas isso só acontecerá se a natureza do relacionamento for preservada.
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