Sejamos nobres

"Pai nobre, filho rico, neto pobre." O ditado é mais verdadeiro do que muitos gostariam de acreditar.


Há toda uma geração de jovens adultos provando exatamente isso. Seus pais construíram a vida nos anos 60 e 70, beneficiados pelo Milagre Econômico (e ironicamente os mesmos que hoje atiram pedras no regime militar, esquecendo de reconhecer certos lados bons da época), e acabaram alcançando talvez mais do que suas qualificações os permitiriam em tempos normais. E como são chamados geralmente aqueles de quem o volume de dinheiro supera o de cultura? Rico (e nunca "nobre"). E quem é esse "rico"? É o cara que gasta sem critério, que não tem cultura e pior que isso, não está interessado em ter. É o cara que tem na mão múltiplas possibilidades (por ter dinheiro) mas que o máximo que consegue é transformá-las em gastos fúteis que não trazem benefícios a ninguém (nem a eles próprios). Eles tem o recurso mas não sabem o que fazer com aquilo.


Do outro lado, existem os nobres. Quem seriam? Os que lutaram para ter o que tem. Os que talvez deram a sorte de ter berço de ouro, mas que mesmo assim entenderam o valor do dinheiro. E entenderam porque eram brilhantes? Não. Porque tiveram pais que fizeram questão de os passar valores - valores que eles, pais, já tinham dentro de si. Quando digo nobre, falo de nobreza de espírito.


O que aconteceu no Brasil? Houve uma geração de pais nobres, que hoje são os avôs e avós da geração de 20-30 e poucos anos. Esses pais nobres geraram seus filhos, que em pleno Milagre Econômico, se tornaram ricos. Esses são os pais desse pessoal. E os filhos? Muitos terminarão pobres. Aliás, muitos já são pobres - só que ainda nem perceberam. São pobres porque frequentam lugares e moram em bairros que seus salários com suas qualificações não os permitiriam - mas vivem do bolso do papai. São pobres porque tiveram oportunidades e nada fizeram com elas. São pobres porque se perdem as ajudas de mamãe e papai verão que não conseguiram chegar onde os pais chegaram, tendo tido oportunidades mas com elas nada fazendo, e o pior de tudo: nem essa dinâmica, da qual são parte, conseguiriam entender.


Possível solução para o ciclo vicioso? No melhor estilo Che Guevara, há de se enriquecer, mas sem perder a ternura. Digo, a nobreza.

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