Você se casou com a pessoa certa? - parte I
Há uns meses descobri uma revista interessantíssima aqui, chamada Psychology Today. Nela, os artigos são escritos em sua maioria por psicólogos, mas são destinados a leigos. Os assuntos são os mais variados, e a graça está na diferença de conteúdo que cada artigo traz, parando finalmente de chover no molhado e trazendo informações novas, úteis e confiáveis. A edição de fevereiro traz na na capa os dizeres: "Você se casou com a pessoa certa? O que fazer quando achar que foi tudo um grande erro - e você irá achar que foi!"
O artigo - de dez páginas! - é maravilhoso. Ele aborda tantos lados de uma mesma questão, que para comentar todos, mesmo que resumidamente, geraria um post muito longo. Por isso estou dividindo em dois posts - a continuação vem amanhã.
Ela abre o artigo lembrando que a fase inicial de um relacionamento, cheia de paixão, serve para unir as pessoas mas também para ludibirá-las. No início é como se um só visse no outro o que tem em comum: "ambos gostamos de viajar, de cinema europeu e comida japonesa", e então celebram o quanto se parecem. E no minuto em que a paixão termina, é como se de repente só existissem as diferenças: "como é que uma pessoa pode ligar pra uma coleção de selos besta, gostar tanto de futebol e nunca topar um ida à boite?" Para quem já passou por isso, ela deixa um recado: "No dia em que você suspirar, olhar para o lado e pensar que aquele relacionamento é um erro, parabéns! Este vai ter sido o primeiro dia de seu casamento de verdade."
Continuando, ela diz que a sociedade capitalista prega uma ideia que não funciona para os relacionamentos: a de que não devemos aceitar nada que não seja ideal para nós. [e aqui eu digo: e o que nessa vida, é de fato, ideal? Qual casa, qual roupa, qual comida? Quando não é caro, engorda... Quando não é uma coisa, é outra. Então por que continuar acreditando que temos que encontrar a "pessoa ideal"?] Sendo que um relacionamento com a pessoa ideal não existe - já que não existe par perfeito para ninguém. Somos todos seres imperfeitos, logo faremos um ótimo par imperfeito para alguém. E partindo dessa verdade, é bom também parar de apontar o dedo acusatório para o outro e, pior ainda, demandar que ele mude. Em vez disso, devemos olhar para nós mesmos, e perguntar onde é que nós podemos mudar para que o relacionamento fique mais leve e feliz. Se perguntar: por que é que estou tão infeliz e o que eu preciso fazer?
Daí vem a necessidade do autoconhecimento. De saber o que é que você realmente quer, e do que realmente precisa. Porque se você não souber, vai acabar pedindo todas as coisas erradas. E aí, mesmo que o outro até se esforce e faça o que você pediu, a infelicidade vai continuar - afinal, não era daquilo que você precisava.
Outro ponto no qual ela toca é no como pedir o que você precisa. [Atenção, porque essa parte é interessantíssima!] Ela diz o seguinte: que há um tipo de reclamação comum que casais fazem um do outro. Coisas como: "Ele é caseiro demais. Ela é muito faladeira. Ele é tímido demais, nunca vi!" etc etc. Ou seja, críticas à personalidade do outro. E que esse tipo de crítica não é nada construtivo, já que as pessoas geralmente não estão dispostas a tentar alterar sua própria personalidade por conta de outra pessoa - e mesmo que quisesssem fazer isso, não conseguiriam. Ela diz que esse tipo de crítica, na verdade, camufla insatisfações que poderiam ser resolvidas, mesmo com aquele parceiro caseiro, tímido, falador. Sim, porque o que o outro na verdade quer não é que seu companheiro mude a essência, mas sim a atitude. Então, em vez de dizer: "Aff, você é caseiro demais. Credo.", porque não dizer "Eu gostaria que nós saíssemos mais de casa. Umas duas vezes na semana, você topa dar uma saidinha comigo?"
Entenderam a mágica diferença? No primeiro caso, a pobre da pessoa caseira só vai conseguir ficar na defensiva, já que ela sabe que nunca vai, e nem quer mudar. Então ela se fecha, e o outro não consegue o que queria. No segundo caso, a pessoa caseira entende que, okay, duas vezes por semana eu até poderia sair - mesmo mantendo sua própria personalidade - e aí geralmente arruma um jeito de acomodar o que o outro quer. Bingo! Temos dois parceiros felizes.
[Continuamos amanhã... Não percam! hihihihi]
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